Capivari de Baixo - SC

Aguapés invasores: moradores reclamam de mal cheiro

06-09-2010 14:00

Lago é tomado por aguapés e pode estar contaminado 


Água consumida no município vem do lago
 
 
 



         O Lago do Holandês , um dos pontos turísticos de Holambra 
(SP), agoniza e pede socorro. Coberto por aguapés, o visual não é nada agradável para quem passa ou reside às margens do local. Para os vizinhos do lago, as plantas são transtornos visuais e causam “mau cheiro”.


         O lago recebe água do Córrego Borda da Mata, que abastece o município. Para biólogos e ambientalistas, os aguapés são indicadores naturais da qualidade da água. Segundo eles, a proliferação dessas plantas aquáticas em um ambiente pode apontar que aquele meio está contaminado.

         A gerente de desenvolvimento do Instituto de Pesquisa e Ensino em Entomologia e Meio Ambiente (Fontebio), de Limeira, a doutora Kátia Resende Netto Cirelli, explicou que essas plantas aquáticas possuem uma alta tolerância a poluentes, como metais pesados, e se reproduzem rapidamente em corpos de água rico em matéria orgânica (eutrofizados), como esgotos domésticos e industriais. 

         “Assim, quando deparamos com um ambiente onde o aguapé se reproduz  rapidamente, estamos diante de locais ricos em matéria orgânica ou poluentes, pois nesses ambientes propícios ele pode aumentar sua biomassa na taxa de 5% ao dia”.

         Para a moradora Marisa Oude Groeninger, o aumento dos aguapés aconteceu nos últimos seis meses. Ela explicou que sempre depois que chove as plantas tomam conta do local. “Quando as águas baixam só sobram os aguapés, nem areia tem mais como ver”.

         Marisa disse que vem sentindo falta também dos peixes, comuns no local. “Antes, sentávamos na beira do lago e víamos peixes. Hoje isso acabou”, lamentou.

         Quem mora às margens do lago também reclama do mau cheiro no local, principalmente em dias chuvosos. Em fevereiro deste ano, o Jornal da Cidade fez uma reportagem alertando para a infestação de aguapés no lago. Na época, o ambientalista, biólogo e educador Geraldo Eysink salientou que a quantidade dessas plantas era preocupante. Ele explicou que as ações devem ser feitas para conter a fonte de alimento dessas plantas, que são os nutrientes vindo do esgoto ou de adubo. “É preciso retirá-las do lago, porém as plantas devem ser jogadas longe do local de origem, pois sua reprodução se dá por meio do talo ou da semente”. 

        

Em busca de soluções


         Para quem mora há muitos anos na cidade ou mesmo está de passagem é difícil ver a situação do lago e não lamentar. Na lembrança dos antigos moradores está o local que era utilizado para banhos públicos em dias ensolarados.

         Marisa contou que as pessoas que passam por ali se espantam com a quantidade da planta. “Já solicitei várias vezes ao poder público para que viesse limpar. Como é um serviço que gasta muito tempo, a Prefeitura informa que não pode manter maquinário aqui por conta, pois tem outros serviços para atender”. 

         Moradores comentam que as plantas vêm da parte de cima do córrego e se aglomeram no lago. Vale lembrar que a água do lago forma a Nossa Prainha, que acabando recebendo todas essas plantas invasoras. 

         A doutora alertou que as plantas, em abundância, impedem a proliferação de algas responsáveis pela oxigenação da água, causando a morte dos organismos aquáticos. Kátia salientou que o problema não é tanto o cheiro, mas sim a quantidade de plantas que existe no lago. “Isso faz com que a luz não atravesse a lâmina d’água e causa um colapso no sistema aquático, pois as plantas e algas que servem de alimento para os peixes acabam morrendo, assim como os próprios aguapés, posteriormente, provocando inclusive mau cheiro”. 

        
Resolver o problema


         De acordo com Kátia, os aguapés são considerados uma planta daninha em canais de irrigação, rios, lagoas e represas. Ela comentou que como a origem dessas plantas são os rios da Amazônia, o predador delas acaba sendo herbívoro (peixes e mamíferos) daquela região. “Por aqui, na ausência daqueles animais e em corpos d´água eutrofizados, o aguapé se reproduz com muita facilidade, entupindo-os rapidamente e quando em abundância ele impede a proliferação de algas responsáveis pela oxigenação da água, causando a morte dos organismos aquáticos”.

         Para solucionar o problema, ela diz que é preciso promover o tratamento dos efluentes da lagoa para controlar o grau de contaminação e eutrofização, fazer a retirada manual dessas plantas e confiná-las utilizando-se barreiras que não permitam que elas tomem toda a superfície da água. “O controle total dessas plantas é demorado, pois existem sementes que ficam no fundo da lagoa e vão germinando por um determinado tempo após a retirada das plantas”.

         Mas ela adverte que o aumento de aguapés impede a proliferação de algas, causa mau cheiro e, consequentemente, a falência do sistema aquático gerando incômodo e transtorno à população.

         O Jornal da Cidade entrou em contato com a Prefeitura, que não quis se manifestar sobre o assunto.
 

Fonte: https://www.jcholambra.com.br/ (Data:06/09/10)

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